quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Detalhe



Seu abraço acalenta meus eternos invernos vazios, aquece os dias mais frios, derrete a neve que a dor construiu. Você me completa como uma peça de quebra-cabeça, e acredita que vamos dar certo não importa o que aconteça. Você destrói a minha solitária fortaleza, e me ensina que eu preciso da sua companhia. Ensina com paciência que eu amo você, mesmo sem perceber, me ensina que existe razão para viver. Você toca minhas cicatrizes com delicadeza, e sussurra que vai me apoiar na alegria e na tristeza. Você me faz cometer erros que jamais cometeria, me faz escrever declarações e declamar poesias, como eu poderia admitir que você é tudo o que eu queria? Você me faz repetir a palavra você, me faz não saber o que escrever, me faz ter vontade de te ver a todo instante. Seu jeito descontraído de me chamar para dançar, seu amor desinibido que me faz acreditar, suas asas podem me fazer voar. Com você eu estou livre a todo instante, e não importa o quão distante, eu consigo sentir sua presença reconfortante. Você me ensinou a aceitar nossas diferenças, e os anos que dividiam nossa nascença, me ensinou a demonstrar o quanto eu gosto sem medo, a ignorar os olhares curiosos ao redor dos nossos segredos. Você me faz ficar até tarde rabiscando uma declaração de amor, me faz sonhar com seus suspiros e devaneios. Você completa esse meu jeito sem jeito, não se importa que eu não seja perfeito. Você me conquista sem eu perceber, me faz ter medo de te perder, você preenche a essência do meu ser. Você é parte do futuro que eu quero ter, dos dias que vão proceder, dos passeios de mãos dadas que vamos viver. Você me faz assumir que eu te amo, e me faz repetir outra vez. E você me pede um texto de presente. Nada que eu pudesse escrever, poderia fazer o tempo voltar naquela primeira vez: quando você perguntou se deveríamos ficar juntos... eu deveria ter dito sim. Sim, sim e sim de novo. Aquela diferença entre nós é só um detalhe infantil, você é o que eu preciso para dar luz à esse mundo sombrio. É disso que eu preciso: do seu abraço, do jeito que você amarra seu cadarço, do se perfume que não é importado, e da sua presença insubstituível ao meu lado. Espero que não seja tarde demais, para escrever que eu amo todo o seu jeito. Eu amo os detalhes imperfeitos: quero você desse jeito – de todo jeito – do meu jeito.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Indiferença




As ruas são todas iguais, cada vez mais. A sensação exata que as coisas importantes já se foram, uma a uma, preenche os meus dias tediosos – arrastados sem nenhuma motivação nova. Os sonhos parecem distantes como um quadro antigo, as paixões morreram nos poemas escritos de improviso, o gosto pelas coisas se vai pouco a pouco também. As poucas amizades que cultivo não preenche a falta que sinto, parte de mim morreu nos corredores dos hospitais a outra parte persiste agarrando-se ao pouco de esperança que resta. Os meus dias sozinho estenderam-se por semanas, meses, e já faz um ano. E amanhã serão dois, e três. As minhas alegrias morreram sufocadas nos exaustivos dias de espera por um diagnóstico positivo, a fé morreu quando percebi que não acreditava mais que algo bom viesse depois das noites de tempestade. Agora, só me sobra a sinfonia incessante da chuva fria no asfalto. O meu caminho é uma estrada vazia habitada por espectros do passado, dos dias em que ainda havia sorrisos, dos dias em que ainda havia uma razão verdadeira para seguir em frente: já não existe mais. Não existe ninguém mais na estrada que sigo: todos se foram, e eu não quero ninguém nela nunca mais. Porque a indiferença dói menos do que a perda, e a perda se disfarça na indiferença.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Fotografia





A ausência é como uma dor que se acostuma aos poucos, uma ferida antiga que nunca cicatriza por completo. Os dias arrastam-se um após o outro, alguns vencidos pelo marasmo, outros por árduas batalhas onde jamais se vislumbra uma vitória final. O cenário do cotidiano repete como uma foto antiga sobreposta milhares de vezes, cada vez mudando um novo detalhe. As pessoas ao redor são retratos de retratos que amarelam aos poucos, alguns acinzentam depois, outros se perdem nos álbuns de memórias. Os selos antigos, as coleções de gibis, os brinquedos prediletos; tudo ficou para trás – uma página virada do livro – mas quando realmente uma linha terminou e na outra folha iniciou-se um parágrafo? Quando sumiram os velhos amigos da infância e os grandes animais de estimação? Quando os avós deixaram de estar presentes quando se corta o bolo de aniversário? Quando aconteceu a sensação mágica do primeiro beijo? Quando os sonhos foram substituídos por desejos supérfluos de ter mais? As ruas perdem as cores aos poucos, cada dia um pouco da fantasia se vai e os ombros ganham um pouco de peso. A televisão, o jornal, tudo isso reprisa notícias de ontem que reprisam histórias de dez anos atrás: o “não vale a pena ver de novo” da realidade enfadonha. Em cada esquina casais entregam-se às carícias banais sem compreender o aprecio de um abraço, em cada loja o desespero da falta vomita gritos de agonia, em cada pessoa habita uma árvore seca que já morreu. A semente da vida já morreu. Os homens são autômatos que aprenderam a doutrina do “obedeço”, a ideologia do medo – ou pior – adotaram o triste caminho da indiferença. Já não se importam mais o quanto as árvores são verdes, já não veem o quanto as maças são vermelhas. Os semi-homens estão presos em um ciclo gradual para a auto-extinção, convivendo com rostos desagradáveis que não suportam, elogiando o horrível, banalizando o poético. Hoje importa mais futebol do que literatura, a arte reflete a realidade e liberta, mas a indiferença mantem todos presos – os olhos fixos na foto antiga sobreposta por mil vezes, o coração sufocado pela necessidade de respirar liberdade. A foto é uma prisão quadro a quadro, uma história contada de um ponto de vista só, sete bilhões de histórias vistas pela mesma janela que delimita os quadros de uma foto. Pedem tanto a deus, mas não conseguem dividir nem mesmo um pouco, sob a desculpa de não ter o bastante. Insistem no D maiúsculo em uma palavra, mas esquecem as genitoras que choram a produção promíscua insincera da violência. Os homens acostumam-se com a ausência, todo dia eles perdem um pouco. Hoje perdem um pouco dos sonhos, um pouco dos dias, um pouco de tudo mais. Amanhã perdem bens que não voltam jamais, e a vida ficou para trás como uma fotografia antiga que nunca saiu do mesmo lugar.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Reclamação







Você reclama do meu cabelo bagunçado e da franja comprida que cai no meu rosto toda hora.
Você reclama dos meus shorts considerados curtos, e do decote na minha blusa. Reclama das minhas jóias, fala do meu sorriso que mostra a gengiva, reclama da minha expressão de cinismo quando quero te irritar, ou da minha face séria. 
Você reclama quando eu mexo nos seus óculos, dizendo que eu fico diferente.
Você reclama da forma como eu te encaro, sempre, prestes a tirar a sua paz.
Reclama do modo como eu sento com as costas curvadas, porque isto lhe dá agonia e logo pede para que eu me endireite. 
Você reclama das minhas birras e do meu charme, reclama da minha unha grande e do meu cabelo solto. Reclama da forma como eu sempre me sento abraçando o travesseiro.
Reclama do meu 'doce', dos meus ataques histéricos, da minha risada e reclama da forma como eu caminho, como eu me machuco sempre, por ser desastrada e de como vivo aos tropeços.
Reclama até da forma como eu chamo por você, dizendo que faço manha pra você me mimar, ou que quero algo. Você reclama dos meus abraços repentinos, e da forma como eu sou escandalosa.
Reclama da minha falta de criatividade, ou do excesso dela. Reclama até dos meus desenhos! Reclama do meu alongamento, reclama da minha reclamação! Reclama quando as vezes eu não consigo parar de te beijar, dizendo que eu sou um 'grude'. 
Você reclama da minha mudança de humor repentina, reclama da forma como eu sempre sou 'certinha', reclama dos cobertores na minha cama, da bagunça no meu quarto, reclama do meu cachorro histérico e da minha memória boa.
Você reclama quando eu não presto atenção em você e reclama quando eu sinto vergonha.
Reclama quando eu escondo o rosto, ou das raras vezes que eu faço você esconder o rosto.
Você reclama quando eu estou muito perto, mas me perturba quando estou longe. Reclama da forma como eu lhe chamo a atenção, reclama do meu cheiro, dos meus perfumes, do meu suor, do meu calor, reclama do meu frio, da minha fome, do meu sono, do meu cansaço, reclama do meu horário de estudo e até mesmo da forma como eu o faço. Reclama de como eu brigo, reclama das minhas confusões, reclama da minha mente!
Reclama das minhas fotos e das minhas opiniões!
Você reclama de mim, todos os dias, o dia todo...
Mas eu não ligo. Eu não ligo porque eu sei bem que te perturba não me perturbar. Quando você me diz que as minhas manias são chatas, e que meu hobby é te irritar... eu sei que você só diz isso para ter um pretexto para me confrontar e reclamar de mim todos os dias.
Porque no final das contas, quem não consegue ficar quieto é você.
E eu gosto disso. É difícil saber explicar, mas a sensação de encontrar os seus olhos quando você entra em contradição, ou cai em tentação é indecifrável... Talvez por ser algo muito raro de se ver, mas é isto que torna especial.
Você me conhece melhor do que eu mesma, conhece os meus comandos, como se eu tivesse vindo com um manual para você. Você é o único que consegue regular o meu sistema, que consegue mexer com o que eu sinto de forma tão brusca. Basta apertar uns botões e de repente eu estou com raiva, mais alguns comandos e estou em cima de você como se o mundo fosse acabar em minutos.
Você me tira de um precipício para me levar até a loucura, lugar este que eu nunca teria conhecido se não fosse por você.
Você sabe a forma de me abraçar, de me beijar, sabe a forma como deve me acariciar, como deve falar... porque você sabe como eu funciono, como eu sou.
Você sabe a formúla de como me manipular e não tenho medo de que controle os meus sentimentos, porque confio em você e sei que jamais me machucaria. 
Nós nunca queremos ir embora, o desejo de ficar nos impede disso. O desejo pelo desejar, pelo estar junto, pelo abraçar, pelo beijar, pelo conversar... e até hoje não sei como isto é possível.
Você revira minha cabeça, controla o meu coração, brinca comigo e me deixa brincar contigo como uma criança. Uma criança que nega o doce, mas que quando ninguém está olhando, o pega. 
Você reclama, mas você me deixa...
Eu reclamo da sua reclamação, mas eu continuo a te perturbar, porque sabemos que o nosso jogo é único. Porque ambos sabemos que é bem como nós.
E nada é como nós.
E hoje, meu bem, eu chamo isso de elevação, porque você me faz sentir como se eu pudesse voar.
Eu te amo.





Gabriela Pinheiro

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Life is Like...




A vida é como uma caixa de chocolates, cheio de diversos tipos de bombons, prontos para serem experimentados um por um. É, a vida é como uma caixa de chocolates. Ela começa com aquele ritual bonito que vem já na caixa, aquela degustação com o olhar curioso para saber o que tem dentro de cada pedacinho de felicidade. Na primeira vez, todo bombom é especial, tem um sabor único que só muito tempo depois você vai lembrar como é e - quando for, e vai - querer experimentar de novo ( e não vai ser igual).

Quando abrimos a caixa vemos aqueles diferentes pedacinhos de sorriso espalhados de forma assimétrica, prontos para serem experimentados. Alguns colocamos na boca sem cerimônia devorando d'uma vez, outros deliciamos aos poucos ... mordida por mordida.

É como se toda felicidade de uma vida, coubesse n'uma caixa de chocolates, que são comidos dia após dia, com um cuidado todo especial. As ocasiões diferentes, ou aquilo que se sente, são comuns quando se come, uma caixa de chocolate. Os sabores são sortidos, misteriosos antes da primeira mordida ... algumas vezes são os nossos favoritos, outras vezes a gente empurra com a barriga.

Sabe como é ... a vida é mesmo como uma caixa de chocolates. No começo, tudo é muito bom, mas depois enjoa e a gente procura na caixa cada vez mais fundo por um sabor diferente, um gosto novo, de vez em quando até se encontra, mas na maioria das vezes são só gostos repetidos e tentativas frustradas.

Alguns sabores são tão bons, que só tem um em cada caixa, aquela que você nunca dá valor até perceber que é tarde. Alguns você não sabe que estão lá esperando, alguns você espera comer a vida toda, mas nunca tem tempo de verdade.

Sabe como é ... um dia vai acabar a caixa de chocolates. Talvez mais cedo do que se espera, talvez depois do último pedaço estar tão velho depois de ser guardado por todos estes anos, que já não tem o sabor que deveria. E a gente? A gente é o pior tipo de degustador que existe.

Somos aquelas crianças apressadas. inocentes e mimadas que ganha de natal, uma caixa de chocolates ... e que quando percebemos, acabou depressa demais.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Homem Pragmático






Homem
primata
estático

Homem
pragmático

Homem
fantástico

elástico
plástico

Homem
simbolístico
acústico
místico

Homem
doméstico

urbanístico

Homem
ateístico

suástico

enigmático

Homem
sarcástico.

Homem
mestiço

Homem
pleonástico

Homem postiço

Homem
Postiço.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Deixo-te






Eu deixo você como o silêncio deixa a alegria,
Devagar, bem devagarinho...
Caminhando sob o luar, sozinho,
Esquecendo um a um, nossos carinhos...

Deixo você sem olhar para trás,
Com medo de arriscar o olhar mais simplório,
E você enxergar a tristeza que esconde meus olhos.

Deixo teu sorriso que acalenta meus dias frios,
Deixo seus abraços tão quentes e macios.
Deixo uma parte da minha alma contigo,
Vou embora como um velho amigo.

Porque eu ainda vou olhar de longe,
Seus sorrisos nos braços de outrem,
Que te arranquem os mais belos sorrisos,
Que te façam feliz como eu teria feito.

Minto que já não amo mais,
Escondo o desconexo palpitar cardíaco,

Deixo você como um poeta deixa o verso,
Em uma noite, longe de todo o universo,
Onde nenhum poema conseguiria dizer...
Que eu jamais deixaria de amar você.


Kuosan Lai

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Os nossos últimos dias...



Essa é a janela do décimo andar na Oncologia do Hospital de Base , essa foto foi tirada no dia 17/01/2013 depois de passar dez longos dias acompanhando a minha mãe nos quartos e corredores da ala de internação. Nesse dia, duas horas mais tarde uma ambulância nos buscaria  para o Hospital de Apoio, para cuidados paliativos. Ela já estava inconsciente, deitada no leito enquanto respirava com dificuldade, entre a máscara de oxigênio, sonda alimentar e diversos dias de soro intravenoso contínuos.

Nesse dia, e muitos dias depois, eu pensei sobre tudo o que eu e ela passamos juntos. Desde pequeno, afastado de meu pai com problemas graves de saúde, cresci com os mimos de uma mãe que não tinha muitos desejos para a vida, mas sempre tentou me dar o melhor mesmo que isso significasse seu sacrifício em várias pequenas coisas. Às vezes eu me lembro do meu medo de escuro na infância e de como rimos juntos enquanto dividimos uma pizza de calabresa n'um dia em que a energia acabou. Lembro das noites em Taiwan, depois de um longo dia de trabalho , quando as horas da madrugada em um supermercado eram nosso tempo juntos dividindo um pote de sorvete.

Ainda hoje, e sempre, a sua filosofia e pensamentos vão fazer parte de mim: a melhor amiga e companheira que tive desde sempre. Quando eu terminava o ensino médio, em uma tarde um pouco antes do cursinho pré-vestibular, alguns resultados de um exame chamado C.A 15.3 mostraram que ela tinha um cancêr já em estado avançado, com metástase.

Desde então, foram 3 longos anos de luta, com direito a sorrisos e lágrimas, dores e alegrias. No início de 2013, em um domingo, ela estava mal e decidimos juntos que iriamos até o HBDF fazer uma internação para retirar o excesso de líquido em seu pulmão através de uma pleuro-dese  Alguma coisa naquele dia fez com que eu tivesse a impressão de que não sairíamos mais de lá juntos.

Em uma maca na emergência do hospital, junto com tantas outras pessoas doentes, eu abaixei a cabeça e encostei em sua mão. Nesse momento, ela perguntou-me porque eu estava triste. A resposta foi rápida: Tenho medo que não vamos sair daqui juntos. Ela sorriu  e respondeu " Não se preocupe, vai dar tudo certo. E se não sairmos juntos, não precisa ficar triste, a vida é assim mesmo".

Hoje, um mês depois do falecimento dela, eu finalmente tomei coragem para escrever esse texto, que deveria estar pronto há muito tempo. Não é fácil, a morte da minha mãe me fez perceber muitas coisas. Às vezes existe muita preocupação com coisas que, na verdade, nem fazem tanta diferença. Passamos a vida inteira nos dedicando a encontrar momentos únicos, pessoas com quem possamos ser felizes. Passamos o tempo todo tentando encontrar um melhor uso para o tempo, a vida toda tentando encontrar um sentido para a vida.

Eu gostaria de dizer que, no fim, a saudade é muito maior do que um quarto vazio. É uma falta eterna como uma ferida que não pode sarar, vai ser uma cicatriz para sempre. Perder não é fácil, nunca é fácil, então é preciso amar as pessoas enquanto ainda estamos aqui: respirando, amando e lutando.

Se há algo que eu aprendi com a minha mãe, é que as pessoas devem viver o presente. Amar as  coisas mais simples, sempre ser gentil com as outras pessoas. Nossa relação sempre foi muito forte, talvez, por eu nunca ter tido muitas pessoas. Eu vi cada um dos meus avós morrerem cedo, vencidos - outra vez - pelo cancêr. Avós queridos que me criaram desde a infância. Vi meu pai falecer depois de dez anos lutando contra uma insuficiência renal, pai que não era presente , mas não deixava de ser pai.

Talvez eles não fossem os pais mais  ricos ou os mais inteligentes, mas eram meus pais e eu me orgulho disso. Eles são parte do que eu sou e que nunca vou deixar de ser. Todos eles que já não estão aqui, cada um é uma pequena parte de mim. Uma sensação, hoje, preenche os meus dias hora após hora. Chama-se Solidão, mas não qualquer solidão que pode ser vencida pela companhia, uma solidão que já faz parte de mim.

A vida é feita de lágrimas e sorrisos, de perdas e ganhos. Nunca foi tarde para dizer que minha mãe - para mim - era a melhor mãe do mundo. Espero que cada um que ame alguém nesse mundo, nunca deixe de dizer e demonstrar. Para cada um que ama, que não se importe tanto com problemas pequenos, com discussões  bobas. E que nunca deixem meias-palavras, é preciso dizer o que pensa e pensar o que quer. O tempo é curto demais com quem nós amamos.

É preciso abraçar mais nossos iguais, passear com nossos animais de estimação, nos importarmos menos com a opinião dos outros, gostar mais. É preciso viver mais e reclamar menos, deixar as diferenças de lado. É preciso preparar uma xícara de chá, parar para sentir o cheiro de um perfume, perceber mais o mundo.



Essa é a última foto que tirei dela, no segundo dia de internação, quando uma pequena melhora nos fez acreditar que tudo daria certo novamente. Nesse dia sorrimos juntos e fizemos vários planos. Que não se cumprir jamais. Ela me disse que queria ficar saudável novamente para visitar os lugares que nunca foi, fazer coisas que não havia feito antes. E eu prometi a ela que iriamos para Taiwan juntos quando ela melhorasse. Esse dia, no entanto, não vai chegar. Mas fica a foto, que quando eu tirei , disse a ela que ficaria de lembrança para quando estivéssemos juntos de novo.

Se ainda me resta alguma vontade para lutar, é porque ela dedicou sua vida à mim e eu vou deixa-la orgulhosa. Esteja onde estiver, quero que ela possa tenha orgulho de me ter como filho.

Gostaria de agradecer todos os amigos que estiveram ao meu lado, que são importantes e sempre serão. Muito obrigado. Gostaria também de agradecer à minha família, que me fazem acreditar que um futuro ainda é possível. Um futuro sempre é possível, enquanto ainda temos fôlego para lutar e um coração batendo para amar.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Distância





E do outro lado da distância estava eu, do outro lado... no mesmo lugar. Observando com cautela cada movimento seu, cada piscar de olhos.
Do outro lado da distância, da enorme distância estava eu, ansiando pelo momento que você me encontraria.
E eu não podia parar de pensar na distância, aquela enorme e inalcançável distância, que me impedia de enxergá-lo.
Meus batimentos, minha respiração afobada era escutada enquanto eu arfava em meio a distância silenciosa.
Os olhos temerosos, sem saber que direção tomar, sem saber como te encarar em meio à distância...
As palavras que deveriam ser ditas , não foram, porque a distância nos impedia.
Temerosa distância, separando-me de você.
Quando por fim pude sentir o toque de seus lábios, e com um beijo você anulou a minha agonia, acabou com a enorme distância entre nós.
Com aqueles últimos centímetros... com eles você finalmente acabou
E veio me encontrar .


Gabriela Pinheiro

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Não quero escrever seu nome ...



Seu olhar tão fixo naquilo que vê, não é do jeito especial que eu olhava você. E seus olhos tão lindos que o oceano invejava, agora não passam de um elogio clichê. As asas em contorno nos seus ombros que existia, não brilha hoje como brilhava naqueles dias. E sua voz tão terna onde eu me escondia nos dias frios, não passa agora de um imenso vazio. Seus gestos que eu pintava em poesia, são só manias bobas e eu nunca percebia. Seu sorriso tão doce e seus beijos proibidos, já não me fazem nenhum sentido.

Seu perfume não me lembra mais um jardim de flores, meus ciúmes afogaram-se, já, em outros amores. Só queria, e penso, que na esquina das nossas vidas, a diferença que realmente faria:  se eu tivesse abraçado mais seus dilemas.Se eu tivesse vivido todos os seus problemas. E se nossos carinhos fossem beijos e abraços? E se eu pudesse ter  seu calor em meus braços? E se o véu tão lindo você tivesse vestido por mim? Será que seu olhar seria esse assim?

Ou será que seu sorriso seria diferente? Ou será que ainda haveria algo entre a gente? Ou será que você ainda perceberia? Que eu nunca deveria ter deixado você partir naquele dia ...

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

A estrada...




A estrada corre,
Pra além do horizonte,
Além das linhas,
Ou as rimas minhas.

A estrada corre,
Pra onde tem que ser,
Pra frente sem ceder
Não para de correr.

Corre sem parar,
Continua sem pensar.
Pensa movimentando,
O mundo nunca tá parando.

Não deixa de sonhar,
Tenta acreditar,
Guarda um tempo
E olha pro mar.

O mar tá correndo,
O sol tá nascendo.
O dia tá crescendo
Todo tempo, a cada momento.

Toda hora é hora de sonhar,
É hora de  acreditar.
Acreditar a todo instante,
Ser mais confiante.

O mundo nunca para,
Essa é a meta.
Minhas linhas também não,
Quero ser poeta.

Enquanto o mundo girar,
Os versos não vão acabar,
São palavras o dia inteiro
Um sentimento ou devaneio.

São expressões,
Escritas sem pensar,
São vozes que não querem calar.

São rimas, são versos.
São estrofes e linhas.
São dores e alegrias
São páginas minhas.

A estrada nunca para não,
Feito o movimento da mão.
O balanço da pena,
A tinta no papel,

Feito verso construindo,
O horizonte no céu.

A poesia, ela nunca para,
A estrada, ela nunca acaba.
A estrada é poesia,
A poesia é estrada.
A poesia nunca acaba.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Mãe




A dor do mundo inteiro,
Não cabe no meu peito
Não cabe nesse meio
Não cabe mais.

É dor demais,
Pra pouco coração
É medo, dor, saudade
É aflição.

É estar sempre sozinho,
A partir de agora
Sozinho pra sempre
Desde essa hora.

E nossas lutas, nossas memórias?
E nossas conquistas e vitórias?
E todas as coisas que fizemos juntos?
Com quem vou conversar?

Agora, quem eu vou amar?

Cadê você, pra me entender?
Cadê você pra me ensinar a viver?
Cadê o seu jeito pra ser meu exemplo?
Cadê você nesse momento?

Cadê você agora?
Como vou enfrentar o mundo lá fora?
Sem o seu abraço, é só solidão.
Sem sua voz pra me guiar na imensidão.

Na multidão, agora estou sozinho?
Por favor, não vá embora.
Não vá embora.
Não agora.

Ainda tem muito tempo,
Pra a gente viver.
Tem muito pra você ver.
Tenho tanto a crescer.

Tenho tanto a oferecer.
Ainda tenho muito pra poder te dar.
Orgulho, conquistas, uma vista pro mar.
Um abraço, um beijo, uma memória.

Se você for agora o que eu vou fazer?
Sem amor pra continuar a viver...
Sem você, eu não sei ser eu...
Sem você, eu não sou nada.